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domingo, 21 de fevereiro de 2021

O Amigo oculto

 

Por Everaldo Soares





    O agente Morgan, da polícia local, encontrava-se frente a mesa da sala de estar, a cena era de um surrealismo fantástico, não menos misteriosa do que a carta endereçada ao sr. Albert. De modo sereno, Albert olhava gracioso para Morgan, um leve sorriso no rosto, enquanto jazia imóvel na cadeira rústica de almofada.


    A mesa estava posta para dois; um candelabro, duas velas apagadas, uma garrafa de vinho, duas taças de cristais, pratos e alguns talheres.

    Tudo parecia perfeitamente normal para a ocasião de uma comemoração, uma vez que Albert, sessenta e dois anos de idade, viúvo a mais de quatro anos, estava fadado a um novo encontro. Confidenciou isso a Catherine, sua fiel empregada e amiga.


    Enquanto abotoava o seu melhor terno, dispensou a jovem mais cedo aquele dia. " me deseje sorte Catherine". Foram suas últimas palavras.

    Tudo parecia normal, não fosse o fato mirabolante de que o sr. Albert estava morto naquela cadeira.

    - Isso é muito estranho - pensava o agente de polícia confuso com o desfecho daquela carta, que por sinal, não possuía remetente algum.

    Enquanto pensava, fora interrompido quando a porta da sala se abriu de repente, e passou por ela um dos policiais com Catherine, da qual tomava depoimento, e a sra. Clemente, uma moradora local.


    - Sr. Morgan, esta senhora é vizinha de Albert, e gostaria de falar com o senhor. - Dizia o policial, que assim como Morgan, conjeturava a possibilidade de um suposto suicídio a princípio, mas depois mudaram de ideia. Não havia razões aparente para isso.

    O agente de polícia, enquanto tomava nota de tudo, ouviu a sra. Clemente dizer que, pouco depois que Catherine deixou a casa no último sábado, viu o sr. Albert andar pelo quintal enquanto conversava sozinho. Não era a primeira vez, dizia ela, que Albert invariavelmente comportava-se dessa maneira. Num minuto, demonstrava-se invulgar, noutro, discorria sobre um assunto específico: ora sobre seu trabalho, ora sobre as coisas que Mackenzie dizia sobre ele. Eram longas horas de conversa, que para ela eram desconexas e não faziam o menor sentido, dizia a sra. Clemente. Depois de algum tempo falando sozinho, Albert teria entrado para dentro de casa, ria muito, num instante cessou de rir, depois tudo ficou em silêncio.


    Catherine, ao contrário, assegurava que Albert era um homem sóbrio e inteligente, apesar de solitário. Não fazia sentido que ele hospedasse em sua casa um bando de quimeras, para dividir uma taça de vinho.

    O agente Morgan estava incomodado com o caso incomum e, de seu ponto de vista, tinha vontade de fechar os olhos e encerrar o caso. Mas sabia que não podia. Então voltou-se intuitivamente para a jovem empregada, com a pretensão de exorcizar o mal entendido do espírito controvertido que pairava sobre a casa do sr. Albert.


    - Catherine, encontramos esta carta no bolso do paletó de Albert, faz ideia de quem poderia ter escrito isso?

    Catherine estendeu a mão e pegou a carta tomada de espanto.

    - Uma carta!? Indagou surpresa. - Mas Albert não costumava receber ou enviar cartas. - Disse ela.

    Explicou ao policial que o sr. Albert era um tanto ocioso, quando o assunto era correspondências. Ele preferia os caprichos da tecnologia moderna e dos eletrônicos.


    Inquieta e confusa, tomou a carta nas mãos e sentou-se no sofá da sala. Logo notou que a letra era desconhecida, e o seu conteúdo um tanto rebuscado e confuso. Catherine pôs-se a ler a carta:



    Caro amigo Albert, ou devo chama-lo de irmão? Bem sabes que nunca te abandonei desde o dia em que nascemos.

    Era noite clara de verão como esta, o dia em que viemos para este mundo. Eramos filhos de pais perfeitos...eram mãos perfeitas que nos cobriam todas as noites frias do ano.

    E foi em uma dessas noites que nos apercebemos, e nunca mais nos separamos um do outro desde então.

    Durante noites sem fim, uma canção soprava como um vento calmo em nossos ouvidos até que um de nós viesse adormecer, depois seguia-se um silêncio que por si só era uma oração.

    Tudo o que sabíamos, era que vivíamos cercados por pessoas boas... mais tarde, descobrimos que há mais mal no mundo, do que se possa medir. A Terra era um celeiro de maldade... seu legado é tirania.

    Todas as manhãs, um raio de luz vermelho da aurora, tinge as calçadas por onde pés pesados passam todos os dias, indiferentes, onde há dor e solidão.

    Dava para ler os pensamentos das pessoas nas ruas, como se olhássemos para um mural de avisos em suas cabeças. 

    Devo te dizer mais coisas... o barulho deste mundo está tirando o seu sono, a ponto de não se lembrar mais de mim. Por isso, vim por meio desta carta, porque quero te levar comigo para bem longe do mundo.

    Mas antes, vamos brindar nossa despedida, quero te contar um pouco das coisa que aprendi. A vida não termina com o fim desta vida, e este mundo não é real como pensa, é apenas um sonho, e é a vida e não o sonho, que buscamos.

    Devo te falar de outra coisa... no seio deste sono macabro, está uma juventude que não renuncia a sua meninice, mais tarde viram bandidos deploráveis, com direitos iguais ou melhores do que os justos que sonham com um mundo melhor.

    Pareceu-me uma colocação apropriada, uma vez que as pessoas se apressam para chegarem em suas casas, e se trancafiarem dentro delas, como prisioneira de seus lares.

    Há ainda uma última coisa que eu gostaria de dizer... eu me recuso a voltar a falar com Mackenzie, penso que ele presta um desserviço para pessoas como nós. Ele me acusa de uma porção de coisas que eu não tenho culpa, por isso você se afastou de mim.

    Mas hoje eu voltei, meu amigo... vamos brindar a vida que nos espera.


    Catherine terminou de ler e ficou perplexa com o conteúdo singular da carta. Enquanto divagava em seus pensamentos, o agente Morgan esperava de pé com as mãos cingindo a cintura, olhando para Catherine que balançava a cabeça negativamente sem compreender nada.

 

    O médico legista, informou que testes preliminares constatavam morte por causas naturais. Não havia vestígios de envenenamento ou qualquer outro agente patógeno externo. O coração do sr. Albert parou subitamente de bater. Desta feita, veio a óbito.

    O que mais impressionava, segundo o legista, era a aparente cumplicidade do sr. Albert diante das circunstâncias. Ele não insistiu em relutar, como fazem a maioria das pessoas, ao contrário, parecia estar em paz como se aguardasse a visita da própria morte.

    O silêncio da sala foi quebrado com a voz de um homem de meia idade, que atravessou abruptamente a porta.

 

    - Agente Morgan, - cumprimentou o policial, enquanto segurava na mão esquerda uma pasta de papéis - eu sou o dr. Mackenzie, vim imediatamente assim que tomei conhecimento do assunto por telefone, quando liguei para o sr. Albert pela manhã, e um oficial seu atendeu.


    - Dr. Mackenzie! O nome do senhor consta na carta que Albert deixou - e entregou-a para o homem que pegou da mão de Morgan educadamente o manuscrito.

    - Eu não preciso ler esta carta, agente, posso adivinhar o que está escrito nela. - Falou de modo seguro e tranquilo, o dr. Mackenzie.

    Os presentes se entreolharam e esperaram que o outro se explicasse.


    - Então... - o agente Morgan cruzou os braços - em que pode nos ajudar dr. Mackenzie? O que tudo isso significa? Inquiriu o visitante, não menos misterioso que o defunto em questão.


    - Sou psiquiatra, e Albert era meu paciente a mais ou menos quatro anos. Ele me procurou logo depois que a esposa faleceu. - Explicou o dr. Mackenzie.

    - Albert sofria de transtorno de múltipla personalidade. O sintoma se apresenta na mudança repentina de comportamento da pessoa, uma vez que a presença de duas ou mais personagens, assumem o controle do indivíduo.

    - São personalidades distintas, com seus próprios anseios e desejos. São complexos autônomos do ponto de vista psicológico.

    A sra. Clemente respirou ofegante, mas um tanto curiosa. Os demais ouviam atento a explicação do dr. Mackenzie.

 

    - O tratamento ajuda, mas a doença é crônica e pode durar a vida inteira. Em se tratando de Albert, ele adquiriu a doença na infância, e não tinha problemas nenhum em lidar com ela.

    - A esposa sabia que Albert tinha um amigo oculto, mas convivia bem com ambos. Afinal, foi ele quem ajudou Albert a ser o homem era.

    - Mas de alguns meses para cá, Albert recusava a falar com seu amigo, queria ficar só, então ele começou a influenciar Albert a abandonar o tratamento, e fazia sérias acusações contra mim.


    Catherine ouvia admirada, não tinha ideia de que o sr. Albert era portador de problemas psicológicos, nunca desconfiara de nada.

    O agente Morgan interrompeu:

    - Doutor, então o senhor quer dizer que esta carta foi escrita por...

    - Esta carta, agente - interveio o dr. Mackenzie - foi escrita pelo próprio Albert... se é que o senhor me entende. - Disse o psiquiatra.


    - Em seguida, o dr. Mackenzie entregou para Morgan uma pasta contendo o relatório clinico de Albert, dos últimos quatro anos. Depois despediu-se dizendo:

    - Espero ter ajudado. - Morgan assentiu positivamente e agradeceu.

    As pessoas iam saindo uma após outra da espaçosa sala. Catherine foi a última a sair, e quando deixou a casa com os olhos lacrimejando, acompanhava os paramédicos que levavam o corpo do sr. Albert numa maca. Ela então se lembrou das suas últimas palavras quando referiu-se a um encontro. Por fim despediu-se dizendo: boa sorte... Albert.






everaldo.uni@gmail.com

A Passagem

 

Por Everaldo Soares




    As ervas daninhas cresciam no quintal se espalhando por todo o jardim num Verde e fusco pálido. Isaque permanecia sentado numa rústica e velha cadeira de palha, enquanto passeava os olhos pelo álbum de fotografias da família. E em meio a recordações e saudades, fixou os olhos cansados como se o passado tivesse arrebatado do canto escuro da memória uma antiga lembrança animada.

    Parecia indiferente e apático, soltou uma tosse baixa e seca e esfregou os olhos. Rebeca, sua esposa, olhava para o marido debruçada sobre o anteparo da varanda próximo a porta da cozinha. Isaque ficara por demais velho, e o desejo de dar a vida um sentido, extinguiram-se nele agora. Ele olha para o jardim com desdém, um vento forte sopra por sobre a copa das árvores e folhas uivando numa melodia deprimente, como se cantasse uma canção de despedida.


    Rebeca, sua mulher, também ficou velha, e ela não pode fazer nada a não ser observar o marido que está sempre a fazer as mesmas coisas. Com isso eles viam os dias e anos que iam e vinham, chegavam e passavam, as vezes Isaque murmurava uma palavra sem sentido, era o máximo que podia fazer, depois adormecia sentado.

    Lá vai o velho Isaque, outro dia, caminha pelo estreito corredor da varanda. Numa das mãos trás um velho cachimbo, a outra levemente se apoia sobre um cajado torto de vara de bambu. Ele senta em sua cadeira como de costume e pega o álbum de fotografias desgastado pela ação do tempo, em seguida começa ociosamente a folhear suas páginas.


    Rebeca perdeu a conta de quantas vezes viu esta cena, Isaque não notara a presença da esposa porque tem uma doença degenerativa nos olhos por conta da idade. Ele se deteve numa fotografia em particular, um primo, há muito havia morrido porque certa manhã de quaresma caíra de uma mulinha e batera levemente com a cabeça, não era homem mais velho que Isaque e já partíra a meio caminho da mocidade.

    Rebeca lembrava o que dele diziam a seu respeito, perguntado se sobrevivera a queda, ainda sobre os pés do animal, ele respondeu com ar travesso "morre-se muito bem as seis ou sete da tarde". Tinha lido num livro. Ao cabo de algumas horas morreu.


    Quando em quando Isaque pensava sobre a sorte dos homens toda vez que lembrava do primo, embora na sua juventude vivera a vida em todo o seu esplendor, agora ela tornou-se um fardo... penosa. Ali estava Isaque, mergulhado em solidão profunda, levado por uma correnteza de estranhos sentimentos. Sussurrou uma palavra surda acenando o braço lentamente para a mulher que, supunha ele, havia de estar no mesmo lugar de ontem.

    Rebeca estava disposta a ouvir, fosse o que fosse, fizesse ou não sentido, porque Isaque andava meio caduco de uns anos para cá. Murmurou algumas palavras enquanto a esposa consentia positivamente com a cabeça na medida em que ouvia, depois deixou o cachimbo cair no chão e adormeceu. Rebeca recolheu o velho cachimbo caído e se retirou um pouco corcunda para dentro de casa.


    Alguns dias se passaram quando o sino da igreja soou, o sol deslizava sereno pelo céu e se aninhava por detrás do cimo. Na saída havia muita gente conhecida, Rebeca estava muito bem arrumada, mais do que de costume. Isaque ia na frente puxando o cortejo fúnebre.

    Lá vai o velho Isaque, antes de morrer fez a esposa jurar por céu e terra encurvada sobre sua velha cadeira que, neste dia, não derramaria uma única lágrima. A mulher consentiu. Isaque afigurava-se animoso e mais vivo, parecia que a paz veio a ter pessoalmente.


    Um dia Rebeca se achava sentada na cadeira rústica de Isaque, e folheava o álbum de fotografias da família. Uma fotografia em particular chamou sua atenção, eram Isaque e Rebeca no dia em que se casaram. Ela foi acometida de um sentimento estranho, fechou o álbum e entrou para dentro de casa, era quarta-feira de cinzas, um ano depois que Isaque havia partido. O sol deslizava sereno pelo céu num indo e vindo de uma eterna passagem.





everaldo.uni@gmail.com

O Manifesto

 

Por Everaldo Soares




    E aconteceu que naquela noite os telejornais anunciaram a criação de um novo partido, diziam que os antigos fracassaram lamentavelmente. Gregório, político bom e justo, protestou:

    - A cidade não precisa de outro partido, precisa de ver fazer valer as leis e promessas feitas pelos partidos vigentes, porque a lei não se aplica contra o descaso daqueles que fazem as leis, eles vivem à custa de contribuintes estarrecidos, pobres e oprimidos.

    Os discursos se repetiam, como se algum dia cessassem de se repetir, alguns de seus aliados mudaram de lado, outros ficaram divididos. O partido se fortaleceu, Gregório começou a olhar para ele como se olhasse uma jovem mulher. Por fim, ele próprio, ficou atraído pelo novo partido.


    E eu ouvia Willy, o apresentador lobo enquanto a chuva varria o telhado da velha casa, e o vento sacudia as antenas de vhf.

    Enquanto falava, sua imagem tremeluzia como um vulto, sua voz parecia um sussurro fantasmagórico. Então me lembrei do poeta que escreveu: "há de ter fé na palavra como um cão olha seu dono", e Willy estava diante de uma cidade que olhava para ele, toda vez que se punha a falar.


    Durante a noite, eu conversei sozinho, depois ordenei minha voz que calasse... sobreveio o silêncio... e a palavra quebrou o silêncio outra vez. E eu falei aquela noite inteira... estava sóbrio.

    Noutro dia, a cidade amanheceu agitada sobre os arranha céus, condomínios, campos e favelas. As pessoas iam e vinham pensativas, ninguém sabia em quem mais confiar.


    - Acho que não sei em quem mais acreditar - relatou-me um morador da vila, desempregado havia quatro anos. Depois saiu andando, aborrecido, melancólico, e conversava sozinho. Disseram mais tarde que tentou morrer.

    Mas o que se havia de fazer! As pessoas estavam desiludidas e enfraquecidas, talvez fosse melhor morrer.

 

    Sobreveio a noite, e eu rezava todas as noites antes de dormir. Porque era bom dormir, para não ouvir os murmúrios da cidade.

    Certa tarde cheguei em casa, eu me achava diante do espelho da sala. Pensava sobre os problemas que afligiam as pessoas, me lembrei do mendigo deitado na calçada perto dali, mais adiante outro mendigo... e mais outro. Escutei Willy, o lobo articulador, falando na Tevê:


    - Nos últimos anos, surgiu uma nova classe, e o índice de pobreza caiu significativamente. - Mas eu via miseráveis por toda parte.


    Um dia Willy reportava com falsa serenidade, num dos cantos sombrios da velha cidade:

   

    - Um garoto de dez anos estava a disposição do crime e morreu por quase nada, não tinha pai nem mãe. A morte será como uma mãe para ele agora. - E fingiu compadecer-se do menino.


    Depois eu ouvi uma voz incomum, vinha do meu subconsciente, e dizia:  a Terra, onde habita o homem, é um lugar muito estranho.

    Então eu disse: estou pronto para descer pelo poço, ninguém vai sentir minha falta. A voz continuou: a interação mutua entre os seres humanos está enfraquecida.

    Eu pensei que estava enlouquecendo. Novamente sobreveio o silêncio.

 

    Numa noite tranquila, eu caminhava pela vila, quando me deparei com um movimento luterano. De longe, uma voz conhecida proferia o seu manifesto...


    - O diabo esbarrou o pé nesta cidade senhores, - dizia o reverendo Josefo - e o pecado do demônio não se conta com o dedo das mãos. - Concluiu.


    A platéia escutava com avidez e eu acompanhava Josefo de olhos e ouvidos.

    - A corrupção corre como sangue venoso no coração desta cidade, penso que ela está infartando. - Depois advertiu:

    - Quando a ignorância é a dona do baile, ela dança com todos. "Sejamos astutos como as serpentes".


    Na manhã seguinte, deu início ao último debate entre os partidos antes das eleições. A imprensa local convidou Willy como moderador do discurso.

   

    Willy provocou um dos partidos quando esbarrou num assunto polêmico: insinuou que alguns de seus partidários apoiavam a 'reserva de mercado' no município, desviando o debate de seus propósitos, daquilo que o discurso deveria ser. A opinião pública ficou confusa.


    Falsas acusações extrapolaram o limite de paciência de membros de um dos partidos. O debate inflamou-se com palavrões, alguns políticos acusaram Willy de ser um militante de esquerda. A opinião pública ficou ainda mais confusa, era

bem verdade que para muitos o lado era o que menos importava.     Nos dias que se seguiram, vieram as eleições, e eu lembro muito daquele dia. As pessoas seguiram com suas vidas, queixosas, lamentando e praguejando. E tudo se repetiu...  como se algum dia cessasse de se repetir. 





everaldo.uni@gmail.com